quinta-feira, 5 de novembro de 2009

DIÁLOGO SEMINAL (SEM DUPLO SENTIDO, POR FAVOR)

Um dos maiores embates intelectuais do século passado se deu entre Freud e eu. Fui seu discípuloe reconheço que devo muito a ele. Mas eu já não podia aceitar mais a insistência de Freud de que as causas dos conflitos psíquicos sempre envolveriam algum trauma de natureza sexual. Isso é uma visão unilateral e reducionista da motivação humana e seu comportamento.
E, da parte de Freud, ele já não tolerava mais ver meu crescente interesse pelos fenômenos espirituais. Ou seja, os nossos santos não estavam batendo. O conflito foi se estabelecendo aos poucos até que um dia o rompimento foi inevitável. Tivemos uma discussão áspera que acabou com ele dando-me um unfollow no Twitter e desligando-me do Facebook e do LinkedIn. Atos inadmissíveis.

Por muitos anos, mantive a minha firme decisão de não reproduzir o fatídico diálogo. Porém,agora que meus ânimos se apaziguaram, vejo que é necessário lançar uma nova luz sobre o momento que dividiu a psicologia. Creio que os interesses coletivos devem sempre se sobrepujar aos caprichos individuais. Portanto, transcrevo aqui, em nome da ciência, para que sirva de objeto de análise e pesquisa de acadêmicos, profissionais e estudantes, palavra por palavra do diálogo que provocou meu afastamento definitivo de Freud.
– Isso é uma bobagem.
– Não é
– É sim.
– Não é
– É.
– Não é.
– É.
– Não é.
– É
– Não é.
– Deixa de ser recalcado e admita: é.
– Você é o arquétipo do cabeça-dura.
– Hum, você falando em cabeça dura…
– Pronto. Vai dar um jeito de colocar sexo no meio.
– E tem outro lugar?
– Só falta agora falar de mãe.
– Da tua que é mais perua.
– Não põe minha mãe no meio.
– Sabia que seu trauma ia aparecer.
– Pra mim chega, vou embora.
– Vai, vai, vai te catar.
– Vou catar tua cara daqui a pouco, velho tarado.
– Tô com uma pulsão de te dar uma surra.
– Isso é inveja do meu pênis.
– Saia já daqui.
– Com o maior prazer. Vou pegar o primeiro inconsciente coletivo que passar aqui na frente.